Em 2017, mais de 1 milhão de carteiras de habilitação foram suspensas, mas grande parte desses motoristas não entregou o documento.
Em 2017, os órgãos estaduais de trânsito suspenderam mais de um milhão de carteiras de habilitação. Mas uma grande parte desses motoristas não entregou o documento e continuou dirigindo.
Quem está sendo punido pode até não concordar, mas sabe por que perdeu o direito de dirigir: “Por excesso de velocidade e principalmente por rodízio”; “radares, muitos radares em São Paulo”; “acusou que eu tinha bebido”, alegam motoristas.
No estado de São Paulo, segundo o Detran, em 2017, 560 mil motoristas começaram a cumprir a suspensão da carteira de habilitação. Mas no fim do ano, 200 mil carteiras nessas condições ainda não tinham sido entregues. Em um posto central em São Paulo, no setor onde a carteira deve ser entregue, o movimento não é grande e diminuiu ainda mais depois que o prazo mínimo de suspensão subiu de um para seis meses.
O Detran não tem números atualizados sobre as carteiras recolhidas até agora, em 2018. “Hoje, a gente ainda tem uma certa resistência das pessoas a respeitarem as leis de trânsito, a gente precisa da mudança de comportamento. Todas essas pessoas que estão dirigindo de forma irregular, se forem paradas em uma blitz, o policial vai recolher a habilitação. Além de todas as penalidades que ele vai ter que responder, como por exemplo, crime de trânsito”, explicou Maxwell Vieira, diretor-presidente do Detran-SP.
Os motoristas são notificados pelo correio. O motoboy Antônio Santos de Souza estava suspenso desde 2015, mas continuou trabalhando. Só que agora, na hora de renovar o documento… “Continuava dirigindo sem problema nenhum”, admitiu ele.
E o problema não é só de São Paulo. No Rio Grande do Norte, só 10% dos motoristas suspensos entregaram a CNH em 2017. Isso significa que mais de oito mil motoristas podem estar dirigindo ilegalmente. Em Pernambuco, mil habilitações suspensas deixaram de ser recolhidas em 2017; em 2018, já são quase 1.500. No Rio Grande do Sul, mais de 40 mil motoristas não entregaram a carteira suspensa ao órgão de trânsito.
A professora Gabriela e o administrador William dão bom exemplo: vão passar seis meses sem dirigir. “Não dá para ignorar porque eu realmente preciso voltar a dirigir em algum momento. Então, é melhor entregar agora e ficar esses seis meses do que perder o carro, ser parada numa blitz, bem mais perigoso”, disse Gabriela Lodo. “Vou cumprir a regra, chega de tanta desonestidade neste país. Eu quero cumprir o que é correto”, concordou William Moraes Alves.
Fonte: G1